terça-feira, 18 de outubro de 2011

Texto de Marcos Keller


Criciúma, a cidade burra
O berço carvoeiro de nossa cidade trouxe muitos malefícios para a comunidade, como a contaminação intensiva de nascentes usadas para consumo por minérios como enxofre e gipsita. Isso pode, por exemplo, acarretar problemas para gestantes. Pode ocorrer a má formação do feto, que vai nascer alguma deficiência física ou mental grave.
Essa é a minha teoria para explicar a situação de demência de algumas ‘autoridades’ da nossa cidade. Munidos de um grau de discernimento não maior do que uma pedra de bauxita, esses senhores tem a capacidade de rebaixar um trabalho artístico (inclusive, premiado) ao mesmo nível que a ação de marginais, rotulando-o como poluição visual.
A obra em questão, cartazes que mostram dois rapazes de mão dadas, foi fixada em alguns pontos da cidade, na sua maioria já depredados anteriormente ( convenientemente não citados por esses senhores). O fato é que, sem qualquer bom senso ou pesquisa prévia, esses senhores vem a público denegrir o trabalho de um artista que leva o nome da nossa cidade ( visivelmente carente de cultura ) para o resto do estado, e que, ainda por cima, levanta uma questão mais do que relevante nos dias de hoje: o preconceito.
O artista Joelson Bugila aborda o preconceito contra os homossexuais, mas aproveito para levantar outro ponto que acho tão importante quanto, especialmente na nossa cidade: o preconceito contra a cultura. Como se não fosse o bastante a total inoperância na criação de espaços públicos para a cultura, arte e lazer, as autoridades ( visivelmente desprovidas de qualquer resquício de senso de bem-estar coletivo), ainda são as primeiras a se levantar contra qualquer esforço nessa direção. Isso é o verdadeiro crime: amputar a mão do artista, a liberdade de expressão.
É até estúpido explicar isso, mas um artista não é um marginal. Desde a sua concepção à escolha do seu lugar de exposição, uma obra é pensada, estudada e executada com muita dedicação e esforço. Agora está feito, mesmo que, num lapso isolado de inteligência nos seus cérebros neandertais, esses senhores caiam em si e percebam atrocidade intelectual que cometeram. Toda violência deixa uma cicatriz: os cartazes podem até ser arrancados, mas a ignorância vai continuar estampada nas paredes de Criciúma.


http://marcoskeller.wordpress.com/
Texto extraido do blog de Marcos Keller

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